Um Genuíno Avivamento.


Muitos irmãos tem demonstrado interesse na questão do avivamento e do derramamento do Espírito, e tem comentado sobre essa necessidade na Igreja, nem sempre da maneira e com a atitude correta. De fato, nós devemos querer avivamento, de todo nosso coração.
Mas logicamente, precisamos saber que tipo de avivamento queremos. Um pouco de conversa com os crentes logo trará à tona um grande número de idéias destoantes acerca da natureza de um avivamento. Para muitos, são decisões por Cristo; para outros, dons espirituais. Para outros entusiasmo, e uns pensam que é puramente santidade.
Se queremos orar e trabalhar em unidade, precisamos ter um ponto de vista definido, e para isso devemos examinar as escrituras. É o que faremos nos próximos dias; estudar o que a Bíblia diz sobre "avivamento".
Em Atos 2 encontramos o exemplo perfeito de um genuíno avivamento ou derramamento do Espírito Santo. Não pensamos que todo avivamento seria exatamente igual a esse, o que não é bíblico nem corresponde à realidade. Mas há princípios ou sinais que realmente são comuns aos outros avivamentos. Desse texto extraímos cinco sinais que vamos examinar.


O primeiro fato importante que podemos identificar quanto ao derramamento do Espírito em Pentecostes é que de não foi produzido pelo homem. Nas palavras de Lucas, “... de repente, veio do céu..."


Amados, este é realmente o ponto fundamental e nós precisamos entender corretamente o que significa. Muitas vezes encontramos irmãos preocupados com a Igreja, com o evangelismo, com o estado de mornidão e o pequeno número de conversões. E logo ficam ansiosos por descobrir o que impede a edificação da Igreja, o que é muito bom, e querem fazer algo a respeito.
Mas, o grande problema é, o que é esse algo. Em geral os crentes pensam que se certos métodos ou estratégias forem aplicados, então virá o avivamento. Uns pensam que precisamos orar mais alto; outros que devemos chamar certos preletores para a Igreja; outros que devemos iniciar um culto de libertação, ou fazer a reunião de oração de um outro jeito; há os que crêem que se tivermos certos dons espirituais, a Igreja será avivada, e os que pensam que uma série de estudos sobre avivamento é a chave correta!

Ora, não há dúvida de que cada uma dessas coisas pode ser usada por Deus para despertar e avivar a igreja. A grande falha está em não perceber que Deus não está preso a nenhum método. Deus não é um gênio dentro de uma lâmpada, que sairá se esfregarmos da maneira correta. Deus não é um poder mágico que pode ser manipulado com encantamentos e estratégias. Deus não depende da aplicação, por nossa parte, de certas técnicas espirituais.Por causa dessa visão errada, as pessoas são muitas vezes tentadas a produzir um avivamento. Se virem uma igreja entusiasmada e com cultos de libertação dirão apressadamente: "essa igreja é avivada". Se virem numa Igreja pessoas com dons especiais, e líderes carismáticos, e muitas decisões no apelo, tem certeza que acharam uma Igreja avivada. E então, erradamente, raciocinam que basta copiar os métodos daquelas Igrejas, e teremos um avivamento! "Precisamos de cultos de libertação!" ou "Precisamos mudar de liderança", ou então "Precisamos fazer cultos evangelísticos", ou "Precisamos fazer apelo no final do culto e impor as mãos sobre as pessoas". É o que vemos muitas vezes acontecendo por aí. De tempos em tempos surge um novo método e as Igrejas se agarram neles.
Imitar certas técnicas não trazem o avivamento. Porque ele vem diretamente do céus. O verdadeiro avivamento é algo que está nas mãos de Deus e não pode ser produzido por nossos métodos. Novos métodos podem até encher templos e deixar os crentes empolgados, mas isso não significa avivamento.


A incredulidade nos faz buscar novos métodos. Não cremos que Deus pode fender os céus e descer, não cremos que o próprio Deus pode nome seu braço e levantar sua Igreja. Então, o que fazemos? Corremos atrás de imitações baratas de avivamento. Oh, tal Igreja tem um culto de libertação e está crescendo muito! Tal Igreja usa grupos familiares! A prova de que essa motivação é incrédula, é que conseguimos reclamar da Igreja sem gastar horas intercedendo. Porque não esperamos em Deus, mas nos homens. Para nós, o problema é o estilo de trabalho da Igreja, ou dos pastores, que está errado. "Não falta Deus: faltam boas estratégias".
Somos como Abraão que recebeu a promessa de ter um Filho com Sara, de maneira milagrosa, mas foi vencido pela incredulidade, gerando um filho com a concubina. Ao invés de esperar em Deus, tomou a frente e agiu na carne.
Irmãos, se queremos um genuíno avivamento, temos de esperá-lo vir dos céus. Não temos que produzi-lo! Não adianta imitar avivamentos de segunda classe. Temos de ter fé e perseverança para buscar a Deus e crer que ele descerá dos céus.

Importante ainda, é notar que essa descida se deu "de repente". Não está no nosso controle. Está no controle de Deus. Não podemos "usar" o Espírito Santo. Ele vem como vento, e "o vento sopra aonde quer". Se ele quiser, ele sopra. Se ele não soprar, é porque não quis. Não podemos "programar" um avivamento; não podemos datá-lo, ele é um ato soberano de Deus.
"Mas Guilherme, do jeito que você fala não podemos fazer nada!" Não é verdade! Podemos sim. Podemos interceder, podemos nos arrepender de nossos pecados, podemos ter vida de oração, podemos ser fiéis na obra de Deus, podemos parar de acusar os líderes e tirar a trave que está nos nossos olhos, podemos amar e servir nossos irmãos ao invés de só limpar os bancos com o traseiro, e podemos nos humilhar até o pó diante da soberania absoluta de Deus na questão do avivamento, pois diz a palavra: "Deus resiste aos soberbos, porém dá graça aos humildes".


Uma experiência real com Deus

O segundo fato, muito importante, e relacionado ao primeiro, é que o avivamento Bíblico é uma experiência com Deus. A palavra diz, "Todos ficaram cheios do Espírito".
Esse é o problema com os avivamentos que encontramos por aí. Os crentes não estão buscando uma experiência pessoal e profunda com o próprio Deus. Não, eles querem ver coisas. Querem ver estudos Bíblicos excelentes; querem ver milagres; querem ver um grupo de louvor ungido; querem ver um pregador que pula, grita e levita diante o púlpito. E assim as Igrejas se parecem com campos de futebol. As pessoas não vão para jogar, vão para ver.
Ver é diferente de experimentar. Não estamos no avivamento se podemos ver milagres. Judas viu milagres. Estamos num avivamento se estamos sendo cheios do Espírito Santo! Estamos num avivamento se temos nos encontrado com o próprio Deus vivo, se experimentamos uma relação viva e atual com ele.
É por isso que muitos "avivamentos" por aí são questionáveis. Multidões são muitas vezes mobilizadas. Até acontecem milagres. Mas eu pergunto: as pessoas estão sendo levadas a Deus, e realmente sendo cheias do Espírito?


As pessoas estão entrando num relacionamento vivo e pessoal com o Pai? As pessoas estão sendo controladas pelo Espírito, estão perdendo suas e vivendo para ele? Se não, então não temos avivamento. Temos um movimento religioso. Pode ser um importante esforço evangelístico, mas não é um derramamento do Espírito! Não adianta simplesmente imitar essas coisas. Se quisermos um avivamento genuíno, devemos esperá-lo vir diretamente dos céus!


Experiência comunitária

A terceira característica do avivamento genuíno é que ele é uma experiência de Corpo, ou comunitária. As línguas de fogo pousaram "sobre cada um deles" e então "todos ficaram cheios".
Essas expressões, "cada um" e "todos" nos dizem muita coisa sobre a vontade de Deus. Deus não quer se expressar através de apenas alguns indivíduos; Deus quer o corpo. Ele quer usar toda a Igreja. Todos são sacerdotes. Não há lugar para estrelas na nova aliança.
Essa é, no entanto, a tentação de muita gente. O que os crentes esperam, não raramente, é um derramamento do Espírito no modelo do AT. O que eles esperam é que Deus de repente irá levantar um "Moisés" ou um "Josué", um profeta que será cheio do Espírito para conduzi-los à terra prometida.

Nesse modelo, não são todos cheios do Espírito. Só os líderes. Eles devem ser ungidos e santos. Nós não. Nós somos os seguidores. Vamos atrás e recebemos as bênçãos. E ai desse Moisés se ele não abrir o mar vermelho! Vamos apedrejá-lo.
Sem dúvida, Deus pode levantar um líder assim, mas isso não é avivamento. Isso não cumpre o propósito de Deus; porque o propósito de Deus é a Igreja, o corpo. O avivamento pessoal, individual é possível e desejável, mas não é o que aconteceu em Atos capítulo 2! O avivamento da Igreja não é um punhado de líderes ungidos e um monte de seguidores. Não! O avivamento Bíblico da Igreja é um corpo de pessoas cheias do Espírito Santo. Não poucos, mas cada um. Cada crente cheio, fortalecido e ungido com o Espírito. Não um profeta Moisés que anda com Deus enquanto os outros assistem, mas uma companhia de discípulos cheios do Espírito, tanto líderes como liderados.


Vossos Filhos Profetizarão!

A Quarta característica do avivamento Bíblico é a experiência carismática, ou seja, a manifestação de dons espirituais. Como se pode verificar nos Vs. 3 e 4, no momento do derramamento do Espírito, ocorreu uma distribuição de graça. Sobre cada um repousou uma língua de fogo, e depois eles foram capacitados a falar em línguas.
Mais à frente, Pedro cita o profeta Joel "Vs. 17-19".
No antigo testamento, a capacitação para a obra de Deus, e a concessão de dons espirituais se limitava a alguns homens escolhidos, profetas, reis, sacerdotes e juizes. O povo em geral não experimentava o derramamento do Espírito. Mas a promessa de Deus, para a nova aliança, é que o Espírito seria dispensado a todos, e os dons espirituais também.
Uma característica fundamental do derramamento do Espírito é a distribuição de dons espirituais a todos os crentes. Cada um é capacitado por Deus para servir com um ou mais carismas, que podem ser tanto dons especiais (1 Co 12) como ordinários (Rm 12).

Entretanto, é preciso novamente adotar o modelo correto quanto à distribuição de dons espirituais. O modelo de poucos líderes com dons espirituais e uma massa de espectadores é da velha aliança. O que Joel diz da nova aliança, é que todos devem Ter dons. É o que Paulo nos ensina em 1 Co 12:7-11 e 14:26. Os dons estão distribuídos entre todos, e não para algumas estrelas. A distribuição livre de dons, e a manifestação do Espírito é um sinal de avivamento genuíno.


Ardor Missionário

A Quinta e última característica de um genuíno avivamento, conforme o que lemos em At 2 é sua natureza missionária. Raramente nos damos conta disso, mas a distribuição de línguas em At 2 foi um milagre transcultural.
O Dom de línguas não é, em geral, compreensível. O próprio Paulo ensina que só deve ser usado na Igreja com interpretação. Mas o que se observa em At 2 é que as línguas faladas eram a dos estrangeiros que estavam em Jerusalém (Vs. 5-12). Isso mostra o desejo de Deus de alcançar essas pessoas de outras nações.
Jesus já havia dito que a finalidade do poder do Espírito desce sobre nós, somos transformados em testemunhas, capacitadas para falar a Palavra. É o que aconteceu em At 2; depois da pregação de Pedro, converteram-se 3000. Mais à frente, vemos os crentes orando e sendo cheios do espírito, e assim capacitados a pregar (4:31), e por todo o livro de Atos, o Espírito move a Igreja a evangelizar e fazer missões. O coração do Espírito Santo é missionário, e a igreja dos primeiros tempos era marcada pelo ardor missionário. Se ele se derramar sobre nós, então nos tornaremos missionários! Uma Igreja avivada é uma Igreja que tem sede de evangelizar e tem compaixão pelos que se perdem. Uma Igreja avivada não está preocupada com banalidades, mas com a missão. Muitos crentes querem o poder do Espírito para ver milagres, não para salvar almas. Querem receber bênçãos, mas não ser uma bênção. Tudo isso apaga o Espírito, porque seu propósito é salvar e edificar almas. Evangelismo e missões são uma marca indispensável do avivamento genuíno.

Comentários

  1. Simplesmente uma mensagem maravilhosa!
    Que Deus abra os nossos olhos para enxergarmos e buscar-mos esse verdadeiro avivamento!

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